A Importancia de Pensar.

Conversando com um fotografo o outro dia, admito que eu fiquei um pouco chateado, parece que a nova geração de fotógrafos de skate não pensam muito sobre o que estão fazendo. Tiram uma foto, a foto sai razoável, mas não sabem o que estão fazendo certo ou errado. Quando eu estava aprendendo a tirar foto (aguarde, papo de velho chato....hahahahah) não tinha ninguém para me ajudar, não tinha flickr, não tinha STROBIST, não tinha maquina digital, não tinha metade das fontes de conhecimento que tem atualmente. Mas ainda assim, eu aprendi as coisas, toda vez que eu recebia um filme de volta, eu tinha que olhar os meus erros e PENSAR no que eu tinha feito errado para corrigir as coisas da próxima vez, não era olhar numa telinha e falar, o flash esta fraco, vou aproximar ele. Não eu tinha que pensar mais, refletir mais, essa diferença de tempo era muito legal, de não ser imediato, também amo o fato que agora eu posso corrigir os meus erros na hora, mas eu ainda paro e olha a foto e penso, não simplesmente reajo.
Eu lembro uma vez, eu tirando foto de pista, fiz a fotometragem certa (tava no meio e a bolinha verde estava dando o sinal de OK) e calibrei o meu flash para o estouro certo, aí quando eu recebi a foto de volta do laboratório, a pista estava toda escura e isso me fez pensar, o que eu estou fazendo errado, aí e comecei a pesquisar sobre fotometragem e descobri sobre a escala de cinza e como o fotômetro tira uma media da cena e compara isso a uma cinza perfeita (reflete 18% de luz) e que quando você tinha uma cena muito clara e com pouca diferença de cor e luz, que o fotômetro era enganado e pensava que a cena estava clara de mais, e mandava você fechar a diafragma ou aumentar a velocidade (deixar mais rápido) para compensar isso. A solução do meu problema de fotometragem foi deixar o fotômetro em um ponto e meio super exposto quando fotometrava coisas com muito branco na cena. E a partir daquele momento eu nunca mais cometi aquele erro.
Agora na época digital, o cara olha a tela, ver que estar escuro e abri a diafragma, por que ele esta fazendo isso, ele não vai saber, só vai olhar a tela e ver que estar errado, provavelmente nunca vai ter ouvido falar de uma carta cinza ou sobre como um fotômetro funciona.
Próxima vez que você ver um erro, anota esse erro, chega em casa, e pesquisa, olham as suas fotos e comparam-nas as outras fotos que você veja. O meu maior aprendizado foi a revista Transworld, eu pegava as minhas fotos, colocava do lado das fotos do Atiba Jefferson e me perguntava, "o que tem de diferente da minha foto de corrimão feito com olho de peixe com a foto do Atiba?". Fazendo isso eu aprendi muita coisa, como deixar menos entrada e saída nas fotos, eu aprendi aonde colocar os meus flashes, aprendi os moments certo, como o hardflip, que precisa tirar atrasado, alem de um monte de outras coisas.
Essa época para mim já acabou, hoje em dia eu olho as fotos do Richard Avedon, para ver a sutileza dos retratos dele, o Frank Ockenfels, para observar a luz pontual que ele usa de uma forma tão linda, o Chase Jarvis para ver a pura técnica e trabalho profissional que ele empenha, além de muitos outros fotógrafos que sirvam de fontes de inspiração para melhorar a minha fotografia de skate.
Desculpa o papo de velho chato, mas para e pensa, não reage.

NOTA SOBRE A FOTO: MV Bill numa apresentação espontanea de musica na favela do Acari. ISO 400 f5,6 (para garantir um pouco mais de profundidade de campo para manter ele em foco apesar de movimentação para frente e para tras mas ainda mantendo o fundo desfocado) e 1/640 para congelar qualquer movimento.