Um Presente de Natal: Entrevista Numero 1, Renato Custodio, o "NED"
Auto Retrato feito por Renato Custodio
Dhani:
Então, nome completo e tempo de fotografia.
Ned:
Renato Costa Custodio, 8 anos de fotografia.
Dhani:
Qual foi a sua primeira maquina?
Ned:
Canon EOS55
Dhani:
Então você começou a fotografar com filme?
Cristo Redentor, feito com medio formato de filme foto: Renato Custodio
Ned:
Sim.. ainda antes dessa câmera eu usava uma Canon que não me lembro o modelo que era do meu pai. Mas essa câmera eu usei pouco, por isso nem citei. Essa Canon EOS55 foi a primeira câmera que eu comprei com o meu dinheiro.
Dhani:
E você tirava foto de que nessa época?
Ned:
Tirava foto de skate, aniversário da família, viagens, amigos e etc..
Só que as fotos de skate ficavam um pouco sem congelamento com flash, pois o sincronismo dela era 125. Portanto nem me empolgava em fazer fotos de skate, na verdade achava que não sabia fazer fotos de skate, pois não tinha noção de que existiam outras câmeras com sincronismo mais alto.
Dhani:
E você ficou nessa por quanto tempo?
Ned:
Uns quatro anos. Cheguei a trabalhar na SKT com ela. Mas não me lembro de alguma foto de skate publicada com ela.
Dhani:
E como foi a decisão para comprar uma maquina digital e qual maquina foi?
Ned:
Na realidade mesmo não foi uma decisão comprar uma máquina digital, e nem sonhava com essa hipótese. Meu sonho mesmo era na fish eye para a Canon mesmo, e já estava juntando dinheiro para ela. Só que num determinado dia minha ex-namorada (Daniela Carrasco) chegou e falou. Renato, meu amigo do Rio descolou um equipo digital com algum esquema e esta vendendo super barato. O equipamento era uma Nikon. D100 com uma lente sigma 17-35 e uma 70-200 F/2.8 com mochila, flash etc. Era um preço muito abaixo do mercado, fiz um corre de grana com meu irmão, meu avô e meu pai. De lá para cá vivo de dívida em cima de dívida.
Editor da 100% e também fotografo, Alé Vianna com um wallride grind, foto: Renato Custodio
Dhani:
A sua evolução acelerou muito depois da compra de um material digital?
Ned:
Sem dúvida. Apesar do sincronismo da d100 ainda ser baixo na minha opinião (180/) foi com ela que descobri muito a respeito de iluminação, enquadramento e tratamento de imagem. Lembro também que conheci você nessa época e você me deu vários toques em relação a enquadramento e equipamento adequado. Pois você sabia mais sobre Nikon do que eu que usava. Aliás, qualquer fotógrafo sabe mais sobre equipamento do que eu. Não sou um cara antenado nos sites de equipamentos, mas quando descubro algo inovador e sei aonde vai ser efetivo para as minhas fotos, fico louco para adquirir.
Dhani:
Descreve o seu equipamento atualmente
Ned:
Hoje eu tenho uma Nikon d70, uma d2h, lentes 10,5 mm, 18-70mm, 70-200 : 2.8, 02 flashes atek 160, 01 sunpak555, 01 hasselblad 500CM, uma lente 60mm para hassel e outra 150mm
Gian Naccarato e um grind feito com medio formato de filme, foto: Renato Custodio
Dhani:
E me fala sobre a maquina de medio formato (hasselblad) qual foi o impulso para voltar para o filme?
Ned:
Eu lembro que quando ainda usava a d100, descobri que a d70 tinha o sincronismo 500 com flash. Aí depois disso comecei a procurar quem trocaria comigo pau a pau essa câmera. Novamente a Daniela me ajudou e descolou um amigo que trocou comigo essa lente. O engraçado é que se pá eu já era corneado com esse amigo dela, pois no final fui descobrir que o cara estava ficando com ele aí resolvi terminar de vez o namoro. Hehe. Mas pra mim não pegava nada. O que importa mesmo era estar feliz com o skate.
Quando descobri que a hasselblad tem sincronismo 500 e que o filme dela é maior que o 35mm, proporcionando uma qualidade superior. Fiquei louco para adquirir sendo que nem era tão caro.
Depois que peguei ela, fiquei empolgado na volta do filme, na expectativa de saber como ficou o foto, no processo de scanear, tratar, tudo diferente, mais natural para mim.
Dhani:
E quais são as diferenças que você sente entre usar o médio formato e o digital?
Ned:
Todas possíveis, já tenho em mente em comprar a nikon fm2 para voltar com o filme 35mm. Gosto de fazer uma foto pensando em fazer o melhor possível para não ter que refazer. Digital é muito fácil e acaba ficando mais plástica a fotografia, perde um pouco a essência da arte.
A fotografia digital tende a ser mais bonita que a de filme, mas nem sempre o bonito e limpo é o mais interessante.
Favela do Sapé, longa exposição feito com medio formato, foto: Renato Custodio
Dhani:
Se você tivesse condições de comprar um médio formato digital, você compraria?
Ned:
Compraria. Mas não ia deixar de carregar os filmes. Talvez profissionalmente eu usaria a digital, mas para os meus trabalhos pessoais eu usaria o filme.
Dhani:
no cenário atual de maquinas digitais (full frame) que proporcionam uma qualidade melhor do que filme, você acredita que o uso de filme é mais apropriado as maquinas que são intrinsecamente falhas, como Holgas, e Lomos em combinação com métodos de revelação não tradicional (processamento cruzado etc)?
Ned:
Sim. O uso do filme proporciona mais uma fotografia artística, com enquadramentos mais ousados e até mesmo fotos sem foco.
Não somente nessas câmeras, como em qualquer outra também. Tudo isso depende para o trabalho que vai ser realizado. Talvez para revistas e jornais, onde a qualidade é o principal da foto estar ali, acredito que as câmeras de filme vão ser extintas. Mas em revistas de arte elas vão aparecer com mais freqüência.
Dhani:
Agora sobre a parte pesado da fotografia digital, como você lida com a quantidade de fotos que o digital produz.
Luiz Apelão, Ollie feito com medio formato de filme foto: Renato Custodio
Ned:
Perco-me cada vez mais com meus próprios arquivos. Acredito que a digital desvaloriza a fotografia pela quantidade que ela é capaz de produzir.
Dhani:
Você não acha que a falta de edição ou conhecimento dos programas apropriadas ao fluxo de trabalho digital é um problema maior. Tem muita gente que nem sabem usar o ADOBE Bridge ou LIGHTROOM, as programas criados para organização desse fluxo gigantesco de trabalho.
Ned:
Concordo, mas acredito que esse trabalho seja mais para um editor de fotografia. Hoje em dia o fotógrafo tem que ser necessariamente um editor de foto também. Antigamente os fotógrafos entregavam os filmes na redação e voltavam para rua para trabalhar. E só via a sua foto quando ela era publicada.
Ser um bom fotografo é tirar foto de qualquer coisa, foto: Renato Custodio
Dhani:
Atualmente, as mudanças são tantas, como você acabou de explicar, hoje, nos os fotógrafos são quem temos mais controle, de edição, de como nos queremos que a foto sai em termos de cor etc. O que você faz para criar uma individualidade nas suas fotos no meio de tantas outras?
Ned:
Eu adoro tratar fotos, editar as minhas fotos, e ter total controle nelas. Mas nem sempre o tempo está do nosso lado. Hoje em dia eu tenho que deixar de fazer foto para poder me organizar. Na verdade outro inimigo da minha organização é a Internet, a música que também adoro, meus amigos que mal tenho tempo de ver, minha namorada.. Etc. E também tem o grande detalhe que o que mais gosto mesmo de fazer é andar de skate. A sensação é inexplicável. Quero andar cada vez mais de skate.
Dhani:
É a maldição de quem realmente é skatista fotografo. Mais alguma palavra para o pessoal?
Ned:
Descubra o que você realmente gosta para ser um bom profissional. A escolha certa determinará seu sucesso ou decepção. Conheço profissional de skate que não gosta muito de skate. As vezes sinto que gosta menos do que eu...
Tirar umas fotos de CHICAS sempre cai bem foto: Renato Custodio
Comentários
Parabéns pela entrevista.
que venham mais!
Reconhecimento para quem merece.
Paula
www.subsolobmx.com
bjjs
nina
abraços..